Crueldade

Moradores da Gotuzzo denunciam maus tratos a cães

Animais estão sofrendo tentativas de castrações que provocam dores e infecções; três machos morreram nas últimas semanas

Gabriel Huth -

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Ferido, Pateta teve que passar por cirurgia e está em tratamento para curar infecções (Foto: Gabriel Huth - Especial DP)

De uma hora para a outra os cachorros da Vila Gotuzzo, no Fragata, viraram alvo de maus tratos que estão indignando moradores. Há duas semanas têm se repetido os casos de machos que vivem sob os cuidados da comunidade aparecendo com infecções graves por conta de tentativas de castração com um método considerado totalmente inadequado por veterinários. O resultado: sete cães feridos e três mortos.

O procedimento adotado nos animais é o mesmo: com um elástico, cordão ou fita, o saco escrotal é amarrado, evitando a circulação sanguínea na região. A ideia, acreditam os moradores, é esterilizar os cães comunitários do bairro. Contudo, a ação se transformou em um problema ainda maior, já que eles estão circulando pelas ruas com infecções provocadas por parasitas que causam dores e mau cheiro. Alguns, desesperados para tentar se livrar da amarração, acabam se machucando ainda mais.

Residente na rua Machado de Assis, Angélica Balz, 37, está abrigando em casa um dos cães que encontrou nesta situação. Pateta, com cerca de dois anos, é conhecido da vizinhança. Companheiro de todos e parceiro até nas caminhadas, apareceu ferido há uma semana. “Ele e o Bob, outro aqui da volta, estavam com os testículos expostos, machucados, com muita dor. Tivemos que levar a um veterinário para conseguir tirar o elástico e castrarmos do jeito certo”, conta. Agora, ambos estão sob cuidados dos moradores, que juntaram dinheiro para pagar os medicamentos para curar as infecções.

O médico veterinário Gabriel Motta, que fez as cirurgias nos dois cães, relata que esse tipo de ação - cortar a circulação sanguínea na região dos testículos - não funciona como método de castração. “Isso provoca infecções, com os tecidos apodrecendo e larvas tomando conta, podendo até matar o animal”, explica. Foi o que aconteceu em três dos dez cachorros atacados na vila recentemente.

Diante da repetição quase diária dos casos, pessoas da comunidade entraram em contato com a Brigada Militar para auxiliá-los a encontrar o responsável pelos maus tratos. No entanto, até o momento os moradores não conseguiram identificar a autoria.

Castrações estão paradas
Embora o problema na Vila Gotuzzo seja um caso isolado, chama a atenção para o controle de animais de rua na cidade. Embora não existam dados oficiais sobre cães e gatos errantes, a ONG SOS Animais acredita que este número diminuiu bastante nos últimos quatro anos, período em que manteve parceria com a prefeitura para esterilização. “Foram mais de 15 mil castrações. Só que este convênio encerrou no final de dezembro e estamos tratando da renovação dele, o que esperamos que aconteça em breve”, diz a presidente da organização, Helena Lima Aldrighi.

Segundo o chefe em exercício do Departamento de Vigilância Ambiental da Secretaria Municipal da Saúde, Guilherme Kaster, o acordo anterior expirou devido a uma mudança na legislação que agora obriga o município a abrir seleção pública. A SOS Animais foi habilitada no processo aberto em janeiro. Falta apenas a apresentação de alguns documentos. “Em março poderemos retomar a parceria. É um trabalho fundamental porque se reflete diretamente na saúde pública. Cada animal tratado e a menos na rua significa reduzir a circulação de doenças”, destaca.

O novo contrato prevê a esterilização de seis mil cães e gatos em um ano. Serão 500 castrações mensais realizadas por quatro veterinários da ONG, sendo parte delas destinadas a pessoas de baixa renda (até dois salários mínimos) que possuam animal de estimação. O valor investido pela prefeitura é de R$ 45 mil por mês.

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